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Quero-te de volta. Quero voltar atrás ao dia que nos conhecemos, olhar-te com os mesmos olhos, ter os mesmos pensamentos de quando te ouvia falar, sentir que eras apenas mais um rapaz no meio de tantos outros. Quero voltar ao dia em que me atrasei para ir apanhar o autocarro e me cruzei contigo, esse mesmo dia que não me reconheceste e minutos depois foste atrás de mim desculpar-te. Quero sentir-me rendida outra vez, sentir que me puxaram o tapete dos pés.
Quero voltar a essa semana, em que passava os dias a sonhar acordada e a contar as horas para te poder voltar a ver, em que tu nem calculavas um terço do que sentia por ti. Quero aquela tarde em que cantei para ti pela primeira vez, sentir novamente os nervos da tua presença e se irias gostar da minha voz. Quero o primeiro telefonema, em que me falaste de mil e uma coisas e das coincidências da vida.
Quero a primeira viagem de muitas para te ir ver, a minha mão na tua para te impedir de mexeres no teclado do computador. As borboletas que não me deixaram jantar nessa noite. O primeiro filme na tarde seguinte e o primeiro beijo na segunda-feira.
Uma semana foi tudo o que levou para me apaixonar por ti. Pela tua energia, pela tua alegria, pela tua forma de ser. E eu só peço… traz-me de volta. Traz-me de volta o rapaz que conheci, traz todo aquele positivismo, toda aquela alegria de viver, toda aquela esperança, todo aquele amor. Eu sei que estás por aí algures escondido, por isso peço-te para lutares e venceres essa barreira. Traz-me de volta o homem por quem eu era capaz de ficar…
Recordo-me de quando tinha apenas 12 anos e disse confiantemente ao meu pai “quando tiver 18 anos quero sair daqui, viajar pelo mundo, conhecer outras pessoas e culturas”. Lembro-me que ele se começou a rir e me disse “quando chegar essa altura, vais conhecer alguém que te vai querer fazer ficar”, olhei para ele e respondi “não! Não vou parar a minha vida por homem nenhum, se ele quiser ir tudo bem, se não quiser então temos pena porque eu não vou ficar”. E durante seis anos pensei exatamente da mesma maneira, continuei com a mesma convicção, parti corações com as minhas duras e reais palavras. Quem diria que o destino realmente iria pregar das suas, mesmo não acabando os estudos aos 18 como planeado e continuando a estudar, “acabada” de sair de uma relação complicada e sem intenções de se voltar a apaixonar, a semanas de completar os 19… conheci-o. As palavras do meu pai ecoaram pela minha cabeça e sorri, agora dando-lhe razão. Tinha encontrado aquele por quem era capaz de ficar, por quem pararia o meu mundo… mas nem sempre somos o mesmo para eles… nem sempre somos por quem eles também seriam capazes de ficar.
Sou forte. Meio doce e meio ácida. Em alguns dias acho que sou fraca. E boba. Preciso de um lugar onde enfiar a cara pra esconder as lágrimas. Aí penso que não sou tão forte assim e começo a olhar pra mim. Sou forte sim, mas também choro. Sou gente. Sou humana. Sou manhosa. Sou assim. Quero que as coisas aconteçam já, logo, de uma vez. Quero que meus erros não me impeçam de continuar olhando para a frente. E quero continuar errando, pois jamais serei perfeita (ainda bem!). Tampouco quero ser comum e normal. Quero ser simplesmente eu. Quero rir, sorrir e chorar. Sentir friozinho na barriga, nó no peito, tremedeira nas pernas. Sentir que as coisas funcionam e que tenho que trocar de jeito quando insisto em algo que não dá resultado. Quero aprender e, ainda assim, continuar criança. Ficar no sol e sentir o vento gelado no nariz. Quero sentir cheiro de grama cortada e café passado. Cheiro de chuva, de flor, cheiro de vida. Aprecio as coisas simples e quero continuar descomplicando o que parece complicado. Se der pra resolver, vamos lá! Se não dá, deixa pra lá. A vida não é complicada e nem difícil, tudo depende de como a gente encara e se impõe. Quero ser eu, com minha cara azeda e absurdamente açucarada. Não quero saber tudo e nem ser racional. Quero continuar mantendo o meu cérebro no lugar onde ele se encontra: meu coração. E essa é a melhor parte de mim.
(Clarissa Corrêa)